segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

EAE: Aula: 40 - Encerramento da Tarefa Planetaria

A traição de Judas 

“Afaste-se da boca enganosa e fique longe dos lábios falsos” (Pv 4, 24)

Introdução

É interessante como alguns temas bíblicos não resistem a uma análise mais profunda. Vários deles, que já tratamos em outros textos, nos levam a uma certeza que muitos trechos constantes da Bíblia trata-se de uma deliberada, mas sutil, montagem para se chegar a um objetivo previamente traçado. Daí, muitos textos foram amoldados a esse objetivo, passando por cima da verdade histórica que deveria conter tais escritos.
Muitas pessoas se chocam com atitudes como essa, a de uma análise crítica. Entretanto, não abrimos mão de fazer uso da inteligência com a qual nos dotou o Criador. Nós seres humanos racionais, que efetivamente somos, temos que usar esse dom, pois, não usá-la é abdicar da única capacidade que nos difere dos animais, por isso, acreditamos que só ofendemos a Deus, quando não utilizamos a nossa inteligência plenamente.
Reconhecemos, entretanto, ser muito difícil a inúmeras pessoas, principalmente as que não pesquisam, abandonar conhecimentos adquiridos, especialmente quando foram passados como verdades divinas sob coação ideológica. Ou seja, o simples questionamento da veracidade das mesmas já era, por si só, considerado como grave ofensa à divindade. Essa possibilidade de heresia acaba gerando um bloqueio mental em função do medo do conseqüente castigo por esse tipo de pecado. Assim, aceitamos sem o mínimo questionamento o que nos foi imposto como verdade absoluta. Com o tempo, passamos a defender idéias que nunca analisamos ou criticamos, como se nossas fossem.
O assunto que iremos tratar, desta vez, está relacionado a uma suposta traição a Jesus, que teria sido realizada por Judas Iscariotes, um de seus discípulos. Inclusive, tudo que consta na Bíblia sobre ele está somente nas passagens que iremos ver a seguir.

Análise das narrativas

Em Lucas 22,3-6, está escrito que, após satanás ter entrado em Judas, ele foi procurar os sacerdotes para ver de que maneira entregaria Jesus. Os sacerdotes ficaram tão satisfeitos com isso que combinaram em dar-lhe dinheiro, uma vez que eles desejavam, de há muito, eliminar esse herético. Tal acontecimento se deu, na versão de Lucas, antes da festa dos Ázimos, evidentemente, antes da ceia de páscoa, cujo prato principal eram os cordeiros que matavam especificamente para essa finalidade, entretanto, segundo João, esse fato se deu após a ceia (Jo 13, 26-29), apesar de que, um pouco antes, ele ter dito: “Enquanto ceavam, tendo já o diabo posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, que o traísse” (Jo 13,2), sendo, por conseguinte, omisso sobre qualquer combinação anterior entre Judas e os sacerdotes. Portanto, podemos verificar que há conflito entre as narrativas.
Quanto à questão dessa combinação com os sacerdotes, Mateus (26,15) diz que Judas pediu dinheiro para entregar-lhes Jesus, enquanto que Marcos (14,11) e Lucas (22, 5) afirmam que foram os sacerdotes é quem tomaram a iniciativa de retribuir ao discípulo, dando-lhe dinheiro como recompensa pelo seu ato ignominioso. Um bom observador irá perceber que, pelas suas narrativas, Mateus teve uma evidente preocupação, qual seja a de relacionar Jesus com as profecias, inclusive, muito mais que os outros Evangelistas. Daí ser ele o único que diz sobre o quanto Judas teria recebido, dando como certa a importância de trinta moedas de prata (Mt 26,15; 27,3). Essas passagens que falam disso são relacionadas a Zc 11,12-13, no pressuposto de que ela seja uma profecia, entretanto, os fatos ali narrados se referem ao próprio profeta Zacarias, não é, por conseguinte, uma revelação sobre algo que viesse a ocorrer no futuro.
Ao narrar os acontecimentos durante a ceia, Mateus relata que Jesus, ao responder aos discípulos sobre quem o iria trair, teria dito: “Quem vai me trair, é aquele que comigo põe a mão no prato. O Filho do Homem vai morrer, conforme a Escritura fala a respeito dele..." (Mt 26,23-24). Passagem relacionada ao Sl 41,10, onde Davi reclama sobre um amigo que o trai. O que nos leva a concluir que tal passagem não é uma profecia, assim, não poderia estar relacionada a Jesus, como querem os que buscam, nas Escrituras, apoio para seus dogmas. Davi foi traído por um amigo, seu próprio conselheiro, de nome Aquitofel, conforme narrativa em 2Sm 15,12.31. O final trágico da vida desse “amigo da onça” foi enforcar-se (2Sm17,23), por isso, querem, igualmente, atribuir esse mesmo destino a Judas, como iremos ver mais à frente.
Outra coisa que nos parece sem nenhum sentido, principalmente por tudo que Ele fez, é que Jesus tenha realmente se preocupado em delatar o seu traidor, conforme narra Jo 13,26, quando, para identificar quem o trairia, diz aos que o acompanhava, naquela ceia, que seria a quem desse um pão molhado, dito isso, imediatamente, entrega-o a Judas. Talvez a preocupação aqui seja buscar mais uma forma de relacionar tal episódio a uma suposta profecia sobre esse acontecimento.
Mateus (26,48) e Marcos (14,44) dizem que Judas havia combinado com os sacerdotes um sinal – o beijo – para que pudessem identificar quem era Jesus. Lucas, apesar de não relatar absolutamente nada sobre esse sinal, diz que Judas aproximando-se de Jesus o saúda com um beijo (Lc 22,47). Enquanto que João não fala de ter havido uma combinação de sinal, nem que Jesus teria dito algo a respeito e nem mesmo coloca Judas beijando a Jesus, já que, para ele, foi o Mestre que se adiantou aos guardas acompanhados de Judas se identificando a eles como sendo Jesus, o Nazareno, a quem procuravam (Jo 18,3-5). Fatos novamente conflitantes.
Nenhum outro evangelista, a não ser João, coloca Judas como sendo aquele que, entre os discípulos, cuidava da “bolsa” (Jo 13,29). Vai mais longe ainda, o acusa de ladrão (12,6). Como uma acusação grave dessa não foi feita por mais ninguém? Se Judas fosse realmente ladrão, por que motivo o deixaram tomando conta do dinheiro? Alguém colocaria um ladrão como seu administrador financeiro? Não seria, evidentemente, para colocar a honra desse discípulo em jogo, fórmula encontrada para se justificar que, por ser assim, ele não teria também nenhum escrúpulo em trair o seu próprio Mestre?
Não bastassem os que já encontramos, aparecem-nos agora mais dois evidentes conflitos.
O primeiro está relacionado à forma pela qual Judas deu cabo à sua vida, movido, segundo relata Mateus, por profundo remorso. Estranhamente ele é o único evangelista que fala disso, nenhum outro apresenta uma linha sequer sobre Judas ter se arrependido. Continuando seu relato Mateus diz que Judas enforcou-se (27, 5), entretanto em Atos (1,18) está se afirmando que ele “precipitando-se, caiu prostrado e arrebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram”, mudando-se, desta maneira, a versão anterior a respeito de sua morte. Encontramos a seguinte explicação para esse passo: “Possivelmente a narração da morte de Judas enforcando-se, está inspirada na história da morte de Aquitofel (cf. 2Sm 17,23)” (Bíblia Sagrada Santuário, p. 1463). Conforme citamos anteriormente Aquitofel enforcou-se, mas querer daí, apenas por inspiração, atribuir a Judas uma morte semelhante é lamentável, pois os fatos bíblicos deveriam relatar fielmente o ocorrido, não como o autor quer que tenha acontecido, o que nos coloca diante de uma mera suposição.
O segundo diz respeito ao destino dado às moedas. Mateus menciona que Judas as teria devolvido, atirado-as dentro do santuário, que recolhidas pelos sacerdotes foram, por deliberação, destinadas à compra do campo do oleiro, para servir de cemitério aos estrangeiros (27,3-10). Citando que isso aconteceu para se cumprir o que dissera o profeta Jeremias. Mas essa história parece-nos mal contada, pois em Atos se diz que o próprio Judas teria comprado um campo (At 1,18), que até poderia ser esse do oleiro, mas de qualquer forma está em conflito com a versão anterior.
Na maioria das Bíblias em que consultamos, dizem que as profecias relacionadas a Mt 27,9: “Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata,, preço do que foi avaliado, a quem certos filhos de Israel avaliaram e deram-nas pelo campo do oleiro, assim como me ordenou o Senhor”, seriam: Zc 11,12-13 e Jr 32,5-16, ou Jr 18,1-4 e 19,1-3, havendo, portanto, sérias dúvidas quanto à identificação da profecia especifica relacionada ao episódio. Como já falamos sobre a citação de Zacarias, fica-nos, por conseguinte, apenas as de Jeremias para dizermos alguma coisa. Em notas explicativas sobre elas encontramos que: “A citação é uma combinação artificial de Jr 32,6-9 e Zc 11,12-12” (Bíblia do Peregrino, p. 2386), isso deixa-nos diante da realidade de que, por se admitir que seja “uma combinação artificial”, estamos, sem dúvida, diante de mais uma tentativa de se relacionar acontecimentos no Novo Testamento com ocorrências registradas no Antigo Testamento tidas como se fossem verdadeiras profecias.
Quem tiver a curiosidade de consultar a passagem citada de Zacarias não encontrará nela nenhum aspecto de profecia, são apenas fatos relacionados àquele momento vivido por esse profeta. E quanto a Jeremias, não se encontra absolutamente nada que ele tenha comprado alguma coisa por trinta moedas. Sobre a compra de um terreno, sim, como podemos ver em 32,1-44, mas uma situação circunstancial, explicada da seguinte forma:
“À primeira vista se trata de um incidente: a compra e venda de um terreno segundo as normas e o procedimento da legislação judaica. O narrador se compraz em registrar todos os detalhes, mostrando que a lei foi estritamente cumprida e que o ato é juridicamente válido. O surpreendente dessa compra-e-venda é que se realiza às vésperas da catástrofe inevitável. Que sentido tem nesse momento comprar um terreno para que fique em poder da família? Tudo já está perdido. Mas o absurdo do ato é a chave do seu sentido. Para efeitos legais imediatos, a compra nada servirá; para efeitos proféticos, é admirável ato de esperança no futuro. É um oráculo em ação, Jeremias profetiza ao vivo: não só palavras, nem ação simbólica, mas ato real jurídico. Esse ato significa o futuro que ele antecipa: a jarra de barro onde se guarda o contrato é um penhor que Deus concede. Apesar do que está para acontecer, a terra continua sendo propriedade dos judaítas: a terra prometida aos patriarcas e possuída durante séculos...” (Bíblia do Peregrino, p. 1928).
Podemos ainda confirmar isso com a seguinte explicação: “A citação [Mt 27,9] é tirada na realidade de Zacarias (11,12-13). Mas, ele lembra também diversos versículos de Jeremias onde se faz menção do campo e do oleiro (32,6-6; 18,2-12)”. (Bíblia Ave Maria, p. 1319). Ressaltamos que a expressão “ela lembra”, é uma afirmativa que depõe contra o próprio texto que, positivamente, diz ser de Jeremias essa profecia.

Conclusão

Percebemos que as narrativas possuem diversos fatos conflitantes entre si, deixando-nos na convicção que tudo não passa de um ajuste dos textos para se chegar a um objetivo pré-determinado, conforme já falávamos, desde o início. Para se ter uma idéia mais exata sobre isso, colocaremos a passagem Mateus 27,1-26, que, para tornar a explicação mais fácil de ser entendida, iremos dividi-la em três partes:
I) 1-2: De manhã cedo, todos os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo convocaram um conselho contra Jesus, para o condenarem à morte. Eles o amarraram e o levaram, e o entregaram a Pilatos, o governador.
II) 3-10: Então Judas, o traidor, ao ver que Jesus fora condenado, sentiu remorso, e foi devolver as trinta moedas de prata aos chefes dos sacerdotes e anciãos, dizendo: "Pequei, entregando à morte sangue inocente". Eles responderam: "E o que temos nós com isso? O problema é seu". Judas jogou as moedas no santuário, saiu, e foi enforcar-se. Recolhendo as moedas, os chefes dos sacerdotes disseram: "É contra a Lei colocá-las no tesouro do Templo, porque é preço de sangue". Então discutiram em conselho, e as deram em troca pelo Campo do Oleiro, para aí fazer o cemitério dos estrangeiros. É por isso que esse campo até hoje é chamado de "Campo de Sangue". Assim se cumpriu o que tinha dito o profeta Jeremias: "Eles pegaram as trinta moedas de prata - preço com que os israelitas o avaliaram - e as deram em troca pelo Campo do Oleiro, conforme o Senhor me ordenou".
III) 11-26: Jesus foi posto diante do governador, e este o interrogou: "Tu és o rei dos judeus?" Jesus declarou: "É você que está dizendo isso". E nada respondeu quando foi acusado pelos chefes dos sacerdotes e anciãos. Então Pilatos perguntou: "Não estás ouvindo de quanta coisa eles te acusam?" Mas Jesus não respondeu uma só palavra, e o governador ficou vivamente impressionado. Na festa da Páscoa, o governador costumava soltar o prisioneiro que a multidão quisesse...”
Para o que queremos colocar não é necessário citar toda a narrativa, assim omitimos o restante da seqüência dessa última (vv. 16-26), pois até aqui, no versículo 15, já encontramos o suficiente para entendermos e percebermos que os versículos de 3-10 nada têm a ver com o contexto geral daquilo relatado na passagem. Inclusive, no versículo 3 está dito que Judas viu que Jesus havia sido condenado, quando, no desenrolar do texto, esse fato ainda não havia acontecido, que só veio acontecer mais à frente. A quebra brusca na seqüência dessa narrativa, não deixou de ser percebida pelo tradutor da Bíblia do Peregrino, conforme nos explica:
“O episódio da morte de Judas interrompe estranhamente o curso do relato, como se a entrega de Jesus ao governador ultrapassasse suas previsões. Sabemos que a figura de Judas alimentou desde cedo fantasias legendárias. Lucas dá versão diferente (At 1,18-20). A morte violenta do perseguidor ou culpado é tema literário conhecido (p. ex. Absalão, 2Sm 18: Antíoco Epífanes, 2Mc9; em versão poética vários oráculos proféticos, p.ex. Is 14; Ez 28). Antes de morrer, Judas acrescenta seu testemunho sobre a inocência de Jesus. Confessa o pecado, mas desespera do perdão...” (pp. 2385-2386).
Isso vem confirmar todas as nossas suspeitas de que tudo foi um calculado arranjo visando ajustar os textos às conveniências dos interessados para que eles tivessem referências às suas idiossincrasias. E em relação ao assunto tratado, temos fortes suspeitas que vários outros trechos foram intercalados às narrativas bíblicas, para se amoldá-los ao propósito determinado. Podemos citar, como exemplo, Mt 26,14-16, 21-25, Mc 10,10-11; 14, 18-21, Lc 22,3-6, 21-23, para que você, caro leitor, faça uma análise mais aprofundada.
Ficamos a pensar como se sentiu e como ainda pode estar se sentido Judas sobre tudo quanto lhe imputaram como procedimento. O pobre coitado ainda é julgado e condenado, anos após anos, pelos ditos “cristãos”, que, com certeza, não cumprem: “Não julgueis os outros para não serdes julgados, porque com o julgamento com que julgardes, sereis julgados e com a medida que medirdes sereis medidos” (Mt 7,1-2). Não bastasse isso ainda é humilhado, malhado e, ao final, é espetacularmente “detonado”. Infelizmente esse nos parece ser o seu destino cruel, que se perpetua anualmente nas comemorações da Semana Santa realizadas por determinadas religiões cristãs tradicionais.

domingo, 18 de novembro de 2012

EAE _ Aula: 45 - RESSURREIÇÃO


AULA 45 – EAE - RESSURREIÇÃO

Objetivo da aula: Valorizar o sentimento de amor humildade de Jesus pelo seu exemplo. Sacrifício e desprendimento. Mostrar o testemunho de Jesus para alcançar o objetivo de gravar definitivamente em nossos corações que a caminhada até o progresso é dura e sangrenta, mas que ao fim alegria da conquista supera qualquer ferida, a vitória da vida sobre a morte.
Ressurreição - significa ato ou efeito de ressurgir, ressuscitar; regresso da morte à vida; ato de reaparecer depois de haver morrido.
Reencarnar - significa a volta do Espírito em um novo corpo físico, sem qualquer espécie de ligação com o antigo

A tão falada ressurreição dos mortos não é mais do que a vulgarização da comunicabilidade dos espíritos pela mediunidade, como ocorre nos dias de hoje, quando os Espíritos se comunicam por todo mundo, e a Doutrina espírita está para tudo explicar. A palavra ressuscitar é fazer voltar à vida.
Qual o papel da ciência ante o dogma da ressurreição?
O papel da ciência é o de demonstrar a impossibilidade material de um mesmo corpo ser reaproveitado para nova ligação com o mesmo ou outro espírito.
Em realidade, a ressurreição é do espírito e não da carne e esse fato vem sendo comprovado

Como devemos encarar a ressurreição na visão espírita?
A ressurreição deve ser encarada como a do espírito, posto que é ele, espírito, quem sobrevive e quem pode agir novamente na carne. Assim, devemos encará-la como reencarnação
O JULGAMENTO DIANTE DE PILATOS - Pilatos temia um tumulto ou um motim. Ele não ousaria arriscar-se a ter uma tal perturbação durante a época da Páscoa em Jerusalém. Recentemente ele havia recebido uma reprimenda de César, e não se arriscaria a receber outra.
POUCO ANTES DA CRUCIFICAÇÃO - Quando Jesus e os seus acusadores partiram para ver Herodes, o Mestre voltou-se para o apóstolo João e disse: “João, podes fazer mais por mim. Vai até a minha mãe e traze-a para ver-me, antes que eu morra”. Quando João ouviu o pedido do seu Mestre, embora ficasse relutante em deixá-lo a sós com os seus inimigos, apressou-se a ir à Betânia, onde toda a família de Jesus estava reunida, à espera, na casa de Marta e Maria, as irmãs de Lázaro a quem Jesus ressuscitou dos mortos.
O FIM DE JUDAS ISCARIOTES - Ao deixar a sala do sinédrio, ele retirou as trinta moedas de prata da bolsa e jogou-as, espalhando-as pelo assoalho do templo. Quando o traidor deixou o templo, ele encontrava-se quase fora de si. Judas estava agora passando pela experiência da compreensão da verdadeira natureza do pecado. Todo o encanto, o fascínio e a embriaguez da má ação tinham-se esvaído. Agora o pecador encontrava-se só e frente a frente com o veredicto do julgamento da sua alma desiludida e desapontada. O pecado era fascinante e aventuroso ao ser cometido, mas agora a colheita dos fatos nus e pouco românticos devia ser enfrentada.
Este que fora um embaixador do Reino do céu na Terra, caminhava agora pelas ruas de Jerusalém, abandonado e só. O seu desespero era irremediável e quase absoluto. E ele continuou pela cidade e para fora dos seus muros, até a solidão terrível do vale do Hinom, onde subiu pelas rochas escarpadas e, tirando o cinturão do seu manto, atou uma das extremidades a uma árvore pequena, e a outra em volta do próprio pescoço e jogou-se no precipício. Antes de morrer, o nó feito pelas suas mãos nervosas desatou-se, e o corpo do traidor arremeteu-se, fazendo-se em pedaços quando caiu sobre as rochas pontiagudas embaixo.
A PREPARAÇÃO PARA A CRUCIFICAÇÃO: Depois que Pilatos lavou as suas mãos diante da multidão, buscando assim escapar da culpa por mandar um homem inocente para ser crucificado, só porque ele temia resistir ao clamor dos dirigentes judeus, ele mandou que o Mestre fosse entregue aos soldados romanos e deu instruções ao capitão deles para que o crucificasse imediatamente. Ao tomarem Jesus ao seu encargo, os soldados conduziram-no de volta ao pátio do pretório e, depois de remover o manto que Herodes tinha colocado sobre ele, eles vestiram-no com as suas próprias roupas. Esses soldados zombaram e escarneceram dele, mas não mais lhe infligiram nenhuma punição física. Jesus agora estava só com esses soldados romanos. Os seus amigos permaneciam escondidos; os seus inimigos tinham seguido o próprio caminho; até mesmo João Zebedeu não se encontrava mais a seu lado.
A CAMINHO DO GÓLGOTA: Antes de deixar o pátio do pretório, os soldados colocaram a viga nos ombros de Jesus. Era costume obrigar o homem condenado a carregar a viga horizontal da cruz até o local da crucificação. Um homem condenado não carregava a cruz inteira, apenas essa travessa menor. As peças mais longas e verticais de madeira para as três cruzes tinham já sido transportadas para o Gólgota e, quando da chegada dos soldados e dos seus prisioneiros, achavam-se já firmemente fincadas no chão.
A CRUCIFICAÇÃO: Os soldados primeiro amarraram os braços do Mestre com cordas à viga da cruz, e então eles pregaram-no, pelas mãos, à madeira. Depois de içarem essa viga até o poste, e depois de terem-na pregado com segurança na viga vertical da cruz, eles ataram e pregaram os seus pés na madeira, usando um grande cravo para penetrar ambos os pés. O braço vertical tinha um grande apoio, colocado na altura apropriada, que servia como uma espécie de selim para suportar o peso do corpo. A cruz não era alta, e os pés do Mestre ficaram a apenas um metro do solo. Ele estava possibilitado de ouvir, portanto, tudo o que era dito em menosprezo a ele, e podia ver claramente a expressão nos rostos de todos aqueles que tão impensadamente zombavam dele. E também todos os presentes puderam ouvir facilmente, e na íntegra, o que Jesus disse durante essas horas de prolongada tortura e de morte lenta.
APÓS A CRUCIFICAÇÃO: Em meio à escuridão da tempestade de areia, por volta de três e meia da tarde, Davi Zebedeu enviou o último dos mensageiros levando a notícia da morte do Mestre. O último dos seus corredores, ele o despachou para a casa de Marta e Maria, na Betânia, onde ele supunha que a mãe de Jesus estivesse hospedada com o resto da sua família.
Após a morte do Mestre, João mandou as mulheres, a cargo de Judá, para a casa de Elias Marcos, onde passaram o dia de sábado. O próprio João, que a essa altura era bem conhecido do centurião romano, permaneceu no Gólgota, até que José e Nicodemos chegassem à cena com uma ordem de Pilatos autorizando-os a tomar posse do corpo de Jesus.
Assim terminou um dia de tragédia e de sofrimento para um vasto universo, cujas miríades de inteligências haviam-se estremecido com o espetáculo chocante da crucificação do seu amado Soberano, em sua encarnação humana; elas estavam aturdidas com essa exibição de insensibilidade mortal e de perversidade humana
O PERÍODO DENTRO DA TUMBA: Nesse meio tempo, José de Arimatéia, acompanhado por Nicodemos, foi até Pilatos para pedir que o corpo de Jesus lhes fosse entregue para um sepultamento adequado. Não era incomum que os amigos das pessoas crucificadas oferecessem subornos às autoridades romanas, para conseguirem o privilégio de ter a posse de tais corpos. José foi diante de Pilatos levando uma grande quantia em dinheiro, caso viesse a ser necessário pagar pela permissão de transladar o corpo de Jesus a um sepulcro privativo. Pilatos, contudo, não quis aceitar dinheiro para isso. Quando ouviu o pedido, ele rapidamente assinou a ordem que autorizava José a ir ao Gólgota e imediatamente tomar posse plena e completa do corpo do Mestre. Nesse meio tempo, com a tempestade de areia consideravelmente diminuída, um grupo de judeus, representando o sinédrio, tinha ido até o Gólgota a fim de certificar-se de que o corpo de Jesus, junto com o dos ladrões, havia sido lançado aos fossos públicos abertos.
A DESCOBERTA DA TUMBA VAZIA: Tendo em vista que nos aproximávamos da hora da ressurreição de Jesus, deve ser relembrado que os dez apóstolos estavam hospedados na casa de Elias e Maria Marcos, onde estavam dormindo, descansando nos mesmos leitos em que se reclinaram no período da Última Ceia com o seu Mestre. Nesse domingo, pela manhã, eles estavam todos reunidos lá, exceto Tomé. Tendo estado com eles por uns poucos minutos, quando se reuniram no sábado até tarde da noite, era demais para Tomé ver os apóstolos e, mais ainda, suportar o pensamento do que tinha acontecido a Jesus. Ele deu uma olhada nos seus companheiros e imediatamente deixou a sala, indo para a casa de Simão, em Betfagé, onde contava poder afundar-se no abismo da sua tristeza a sós. Todos os apóstolos sofriam, nem tanto pela dúvida e desespero quanto pelo temor, a pena e a vergonha.
Na casa de Nicodemos reuniram-se, com Davi Zebedeu e José de Arimatéia, entre doze e quinze dos discípulos de Jesus, dos mais proeminentes de Jerusalém. Na casa de José de Arimatéia estavam entre quinze e vinte das principais mulheres crentes. E essas mulheres encontravam-se na casa de José, sozinhas, e, como elas tinham estado juntas durante as horas do dia de sábado e na noite seguinte, elas permaneciam sem saber da guarda militar de vigia no sepulcro; e tampouco sabiam que uma segunda pedra tinha sido rolada na frente da tumba; nem que ambas as pedras tinham sido colocadas sob o selo de Pilatos.
Um pouco antes das três horas nesse domingo de manhã, quando os primeiros sinais do dia começaram a surgir no lado leste, cinco daquelas mulheres partiram para a tumba de Jesus. Elas tinham preparado uma boa quantidade de loções balsâmicas especiais, e levavam consigo muitas bandagens de linho. O seu propósito era preparar melhor o corpo de Jesus, com os ungüentos fúnebres, envolvendo-o cuidadosamente com novas bandagens.
Eram cerca de três e meia quando as cinco mulheres, carregadas com os seus ungüentos, chegaram diante da tumba vazia. Enquanto passavam pelo portão de Damasco, elas encontraram inúmeros soldados correndo para a cidade, relativamente tomados de pânico, e isso as levou a parar por uns poucos minutos; mas, vendo que nada mais acontecia, retomaram a sua caminhada.
E ficaram muito surpresas ao ver a pedra rolada para fora da entrada do sepulcro pois até, enquanto estavam vindo, entre si, disseram: “Quem nos ajudará a rolar a pedra?” Então elas puseram a sua carga no chão e começaram a olhar, umas para as outras, temerosas e em grande espanto. Enquanto estavam ali de pé, atônitas, tremendo de medo, Maria Madalena aventurou-se a contornar a pedra menor e ousou entrar no sepulcro aberto. Essa tumba de José ficava no seu jardim, nas colinas, do lado leste da estrada, e também dava face para o lado leste. A essa hora, apenas a luz da madrugada de um novo dia permitia a Maria ver o local onde o corpo do Mestre tinha sido colocado e discernir que ele não mais estava ali. No recesso da pedra, onde haviam deitado Jesus, Maria viu apenas o pano dobrado, em que a sua cabeça esteve repousando e as bandagens, com as quais tinha sido envolto, intactas e dispostas sobre a pedra, tal qual estiveram antes de as hostes celestes terem levado o corpo. O lençol que o cobria encontrava-se aos pés do nicho fúnebre.
Depois de permanecer na entrada da tumba por uns poucos momentos (ela não havia visto nada claramente, tão logo entrara na tumba), Maria viu que o corpo de Jesus não se encontrava lá e que no seu lugar estavam apenas alguns tecidos fúnebres, e ela soltou um grito de alarme e angústia. Todas a mulheres ficaram extremamente nervosas; tinham estado nos seus limites de tensão desde que encontraram os soldados em pânico na entrada da cidade e, quando Maria soltou o grito de angústia, elas ficaram aterrorizadas e saíram dali mais do que depressa. E não pararam até que tivessem corrido por todo o caminho, até o portão de Damasco. Nesse momento Joana deu por si, de que elas tinham abandonado Maria; e reuniu as suas companheiras e voltaram ao sepulcro.
Enquanto essas mulheres estavam sentadas ali durante aqueles momentos da madrugada desse novo dia, elas viram a um canto um vulto estranho, calado e imóvel. Por um momento ficaram de novo amedrontadas, mas Maria Madalena, correndo até lá e dirigindo-se a ele como se fosse o jardineiro, disse: “Para onde tu levaste o Mestre? Onde o puseram? Dize-nos para que possamos ir lá buscá-lo”. Quando o estranho não respondeu a Maria, ela começou a chorar. Então Jesus falou a elas, dizendo: “A quem procurais?” Maria disse: “Procuramos por Jesus, que foi colocado para descansar na tumba de José, mas ele se foi. Sabes para onde o levaram?” Então Jesus disse: “E esse Jesus não vos disse, na Galiléia mesmo, que ele morreria, mas que ele se levantaria novamente?” Essas palavras assombraram as mulheres, mas o Mestre estava tão mudado que elas ainda não o reconheciam, de costas que estava para a escassa luz. E enquanto elas pesavam as suas palavras, ele dirigiu-se a Madalena com uma voz familiar, dizendo: “Maria”. E quando então ouviu essa palavra, dita com uma compaixão tão bem conhecida e em saudação afetuosa, ela soube que era a voz do Mestre, e correu para ajoelhar-se aos seus pés, ao mesmo tempo em que exclamava: “Meu Senhor, e meu Mestre!” E todas as outras mulheres reconheceram que era o Mestre que estava diante delas na forma glorificada, e elas depressa se ajoelharam diante dele.
Quando Maria tentou abraçar os seus pés, Jesus disse: “Não me toques, Maria, pois eu não sou mais como tu me conheceste na carne. Nesta forma eu permanecerei convosco, por uma temporada, antes de ascender ao Pai. Mas agora ide, todas vós, e dizei aos meus apóstolos – e a Pedro – que eu ressuscitei, e que vós já falastes comigo”.
Após recuperarem-se do choque de um tal assombro, essas mulheres apressaram-se de volta à cidade e para a casa de Elias Marcos, onde contaram aos dez apóstolos tudo o que lhes tinha acontecido; mas os apóstolos não estavam inclinados a acreditar nelas. A princípio pensaram que as mulheres tinham tido uma visão, mas quando Maria Madalena repetiu as palavras com as quais Jesus tinha dirigido-se a elas, e quando Pedro ouviu o seu nome ser pronunciado, ele correu para fora da sala de cima, seguido por João, em grande pressa para chegar ao sepulcro e ver essas coisas por si próprio.
As mulheres repetiram a história daquela conversa com Jesus para os outros apóstolos, mas eles não acreditariam; e eles não iriam ver por si próprios, como o tinham feito Pedro e João.
PEDRO E JOÃO NA TUMBA: Enquanto os dois apóstolos corriam para o Gólgota até a tumba de José, os pensamentos de Pedro alternavam-se entre o medo e a esperança; ele temia encontrar o Mestre, mas a sua esperança era estimulada pela história de que Jesus tinha mandado uma palavra especial para ele. E ele achava-se quase persuadido de que Jesus estava realmente vivo; relembrou-se da sua promessa de que iria ressuscitar no terceiro dia. Por mais estranho que possa parecer, essa promessa não havia sido lembrada por Pedro, desde a crucificação até este momento, em que ele corria para o norte, atravessando Jerusalém. À medida que João apressadamente saía da cidade, um estranho êxtase feito de júbilo e de esperança inundava a sua alma. Ele estava quase convencido de que aquelas mulheres realmente viram o Mestre ressuscitado.
João, sendo mais jovem do que Pedro, ultrapassou-o e chegou primeiro à tumba. João permaneceu junto à entrada, olhando para dentro da tumba, que estava exatamente como Maria a havia descrito. Logo Simão Pedro chegou correndo e, entrando, viu a mesma tumba vazia com as mortalhas arrumadas de um modo peculiar. Quando Pedro saiu, João entrou e igualmente viu tudo por si próprio, e então eles sentaram-se na pedra para refletir sobre o que significava tudo o que eles haviam visto e ouvido. E enquanto estavam sentados lá, reviraram nas suas mentes por completo o que tinha sido dito a eles sobre Jesus, mas não conseguiam perceber claramente o que havia acontecido.
Pedro inicialmente sugeriu que a tumba tinha sido saqueada, que inimigos haviam roubado o corpo, talvez tivessem subornado os guardas. Mas João ponderou que a tumba não teria sido deixada tão arrumada se o corpo tivesse sido roubado, e também levantou a questão de como as bandagens foram deixadas para trás, e tão intactas aparentemente. E de novo ambos voltaram à tumba para examinar mais de perto as mortalhas. Quando saíam da tumba pela segunda vez, eles encontraram Maria Madalena que retornara e chorava diante da entrada. Maria tinha ido até os apóstolos acreditando que Jesus tinha levantado-se da cova, mas quando todos eles recusaram-se a acreditar no que ela contou, ficou deprimida e em desespero. Queria voltar para junto da tumba, onde ela pensou ter ouvido a voz familiar de Jesus.
Enquanto Maria permanecia ali, depois de Pedro e João terem ido embora, de novo o Mestre apareceu para ela, dizendo: “Não fiques em dúvida; tem a coragem de crer no que viste e ouviste. Volta aos meus apóstolos e de novo dize a eles que eu ressuscitei,que eu aparecerei para eles e que logo irei ter com eles na Galiléia como prometi”.
Maria apressou-se a voltar à casa de Marcos e disse aos apóstolos que novamente havia ela conversado com Jesus, mas eles não acreditariam nela. E quando Pedro e João voltaram, eles pararam de ridicularizá-la e ficaram cheios de temor e de apreensão.
O Redentor - PARA O CALVÁRIO
E o excelso condenado ia assim de um para outro dos seus algozes em silêncio, seminu, sofrendo tudo sem protestos. Porventura não estava também predito por Isaías 53:7: "Ele foi oprimido, porém não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro e como a ovelha muda perante seus tosquiadores, assim não abriu a sua boca".
Mas enquanto estes fatos aconteciam, correra a notícia da condenação do rabi e muitos rabis fariseus se reuniram e foram, agrupados, ao Templo, protestar contra o fato e pedir a libertação do preso.

De espaço a espaço, Jesus caia sob o peso da cruz e o chicote, então, silvava e continuava a bater até que Ele, com imenso esforço, se levantava de novo.
Na última vez que caiu não mais se levantou e foram inúteis os acoites e a gritaria dos soldados; estava exausto. Alguns homens do povo, apiedados, tinham querido ajudar, mas os guardas os repeliram com violência, pensando que queriam tomar o preso.
Mas, desta vez, um homem que ia cruzando o caminho - Simão de Cirene, amigo de Nicodemo, filiado essênio, que foi mais tarde membro da comunidade judaica-crista de Jerusalém, surpreendido com o que via, (pois ignorava o quanto se havia passado naquela noite), atravessou resoluto a fila dos guardas e sustentou a cruz nas mãos até que Jesus se refizesse; mas os guardas, irritados com as contínuas paradas e tendo recebido ordens prévias de agirem com rapidez, para não se imiscuírem os romanos na festa nacional, jogaram a cruz nas costas de Simão e foram tangendo a ambos, sob açoite, até o alto do Gólgota — a Praça das Caveiras — colina não muito distante dali e onde se crucificavam os condenados.
Muitos dos acompanhantes não subiram o morro, por causa das impurezas e dos esqueletos que ali havia amontoados, mas os interessados o fizeram e defrontaram com várias cruzes erguidas, algumas com condenados ainda vivos, gemendo, pregados nelas.
Havia duas quase juntas, onde estavam dois condenados do bando de Barrabás e para ali os guardas seguiram, atropelando os presos. Atingindo o ponto, parou o cortejo; os soldados tomaram a cruz dos ombros de Simão, deitaram-na no chão imundo e trouxeram Jesus; despiram-No, deitaram-No sobre ela e a horrenda tortura começou, com o martelo a bater, cravando os pregos nas mãos e nos pés, sob as vistas indiferentes dos soldados da escolta, em pé, olhando... O corpo torturado estremecia de dor e a angústia da morte Lhe embranqueceu o rosto, mas os lábios estavam cerrados e da boca não saiu nenhuma queixa, o sangue escorria das feridas dos pregos, enquanto os soldados, brutalmente, aos trancos, levantavam o madeiro, colocando a ponta inferior sobre o buraco do chão.

Quem subira ao morro já se retirara desanimado, perdidas as últimas esperanças de um milagre fulminante do céu, que salvasse o rabi. Junto à cruz somente permanecia a guarda e, mais afastado, um grupo de mulheres que chorava em silêncio.

Perdoa-lhes,Pai; não sabem o que fazem." Lc_23:34".


Capítulo 44 - NOS DIAS DA RESURREIÇÃO

Ele tinha dito que, ao terceiro dia, ressuscitaria; e ressuscitou.
Enquanto agonizava na cruz, Arimatéia e Nicodemo providenciavam o sepultamento condigno do seu corpo. O primeiro, como fornecedor das tropas romanas e homem rico, tinha boas relações no Procuratorium. Foi a Pilatos e solicitou o corpo, que lhe foi prontamente concedido.
À undécima hora, acompanhado de Nicodemo, dois discípulos deste, Simão de Cirene e dois essênios amigos, foram ao Golgota.

No dia seguinte, bem cedo, Caifás, temendo que os discípulos roubassem o corpo para simular que o rabi havia realmente ressuscitado, como prometera, pediu ao Procuratorium uma guarda de soldados romanos e a colocou à porta do túmulo e funcionários do Templo selaram a porta com o selo do sumo-sacerdote.

No dia seguinte, domingo pela manhã, quando a Mãe de Jesus e outras mulheres foram visitar o túmulo, deram com ele aberto e, olhando para dentro, somente viram o lençol estendido sobre a laje de pedra; e então Maria de Magdala, desorientada, afastou-se do grupo e deu com o Rabi que caminhava para ela; e querendo atirar-se a seus pés, ouviu que lhe dizia: "não me toques" e, logo em seguida: "ainda não subi para meu Pai. Diz a todos que vão para Galiléia e que lá estarei com eles". Com isso ficou provada sua ressurreição.
Ainda na capital, Jesus apareceu materializado a dois discípulos (dos 72 que consagrou em Jericó) e que iam para Emaús; bem como, por duas vezes, a vários dos doze, reunidos em uma casa, para tomar decisões, na segunda das quais, estando presente Tomé, que não acreditara no que lhe disseram os outros, fê-lo tocar com a mão em seus ferimentos, para provar-lhe que ressuscitara.
Então partiram todos para a Galiléia, onde o Mestre continuou a mostrar-se a eles por muitos dias, realizando a segunda "pesca maravilhosa", reafirmando a designação de Pedro para a chefia do grupo e, como se aproximava o Pentecostes45 ordenou-lhes que voltassem à capital, onde se daria a descida do espírito sobre eles.
E ali estando todos ao quadragésimo dia de sua ressurreição, corporificou-se, sentou-se à mesa com eles e fez-lhes suas despedidas finais, determinando a Pedro que apascentasse Seu rebanho. Em seguida, levou-os ao Jardim do Getsêmani, lugar onde tanto sofrera na noite da prisão e deu-lhes novas instruções, recomendando que se espalhassem pelo mundo difundindo seus ensinamentos, e prometendo que jamais os abandonaria; em seguida, levitou-se para o céu, aos olhos deles e aos poucos desapareceu. E como os discípulos, assombrados, permanecessem olhando para cima, desceram até eles, bem visíveis, dois anjos, dizendo: "varões galileus, por que permaneceis assim, mirando os céus? Este Jesus que vistes agora subir para Deus, volverá novamente para vós e permanecerá convosco para sempre".


Capítulo 45

Os materialistas negam que Jesus haja morrido na cruz, por várias razões, dentre outras:
a) Porque a morte na cruz só se dava três a quatro dias após a crucificação, quando Jesus ali permaneceu somente três horas.
b) Porque, após o sepultamento, seu corpo desapareceu, mas foi visto depois por vários discípulos, tomando até refeições com eles, tanto em Jerusalém como na Galiléia. Mas o Espiritismo explica o fenómeno das materializações, e também que Jesus não era um homem comum, vivendo em um corpo comum, e que as coisas com Ele sucederam como convinha que fossem, e não segundo as regras do mundo.
c) Segundo alguns, Jesus foi retirado do sepulcro pêlos essênios, que sempre o apoiaram, para que o povo pensasse que de fato ressuscitou e, desta forma, a doutrina que pregara vencesse no mundo, como era necessário, o que também mostramos como não é verdade. Essa doutrina foi em grande parte deturpada por seus próprios seguidores; mais tarde, no Concilio de Nicéa, oficializada, transformada em força política para servir de apoio ao Império Romano decadente, com a organização de uma clerezia muito semelhante àquela que o próprio Jesus combatera no seu tempo.
Por isso, veio há pouco mais de um século, a terceira revelação, a Doutrina dos Espíritos, destinada a reviver no mundo, na sua pureza original, os ensinamentos redentores que Ele transmitiu.
Como naquela época e, igualmente como sucede com o Espiritismo, Jesus não permanece nos templos de pedra, oferecendo cultos suntuosos e frios, mas nas ruas, nos lares e em recantos humildes e pobres, onde o Evangelho é testemunhado com renúncia e sacrifício.
Por último queremos também considerar que nos derradeiros tempos de sua pregação, no seu julgamento e na morte, pelas razões já expostas, apagada e ausente, porém mais tarde exuberante de devotamento e de desprendimento, foi a ação da maior parte dos discípulos; porém avultou a ação dos essènios, representada por Arimatéia e outros, dos quais mui ligeiras alusões se faz nos Evangelhos.
No julgamento perante o Sinédrio, as únicas vozes que se levantaram em defesa do Divino Mestre foram estas, na pessoa de Nicodemo e se seu corpo não permaneceu na cruz, como o de qualquer outro, a eles também se deve isto.
Os apóstolos foram todos santificados, com justiça, aliás, pêlos pósteros, porém estes, os essênios nem o foram pela simples lembrança.


Ressurreição de todos
José Reis Chaves
A palavra reencarnação (renascimento, ressurreição) é em Grego “paliggenesia”, em Português palingenesia ou paligênese. Deriva-se de duas palavras gregas: “palin”, de novo, e “gênesis”, nascimento. Significa a ação de renascer, ressurgir, surgir de novo. O Concílio Ecumênico de Constantinopla (553) condenou a doutrina de Orígenes da preexistência da alma, com relação à fecundação do corpo. Sem essa preexistência, não pode haver reencarnação. Mas não ficou esclarecido se a condenação é para toda a espécie de preexistência ou só para a que afirmava que as almas pecaram no céu, e que, por isso, teriam sido mandadas para a Terra por castigo de Deus (nosso livro: “A Reencarnação Segundo a Bíblia e a Ciência” (Ed.Martin Claret).
Jesus foi ressuscitado por Deus (At 5,30), que nos ressuscitará a todos, também. A ressurreição não é, pois, um privilégio só para Jesus. E ela é do espírito e perispírito, inclusive a de Jesus. “...morto, sim, na carne, mas ressuscitado no espírito” (1 Pedro 3,18, e 1 Co 15,44). ”. E o espírito tanto ressuscita no mundo espiritual, como na carne (reencarnação), até que ressuscite em definitivo no mundo espiritual, de outras dimensões.“Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá...”(Ap.3,12). E é isso o que querem dizer os teólogos cristãos, quando afirmam que Jesus nos precedeu! As aparições Dele são materializações, de que há vários outros exemplos bíblicos. Os anjos, além de se materializarem em episódios bíblicos, a exemplo de Jesus, até comiam também (Gn 19,3). E vemos esses fenômenos de materializações em todas as culturas, comprovados por grande número de cientistas renomados.
A confusão com a ressurreição do corpo físico ou da carne veio da corporeidade ou corporalidade da alma aceita por muitos padres da Igreja Antiga: São Basílio, São Gregório Nazianzeno, São Cirilo de Alexandria, Bernardo, Stº Ambrósio, Evódio (bispo de Uzala), João de Tessalônica, Tertuliano etc. (Abrahm, liv. 2, parágrafo 58, Edição Beneditina, 1686, citação de vários autores, entre eles Leon Denis, “Cristianismo e Espiritismo”, págs. 312). Mas a corporalidade da alma, aceita hoje também pela Igreja, nada mais é do que o perispírito da Doutrina Espírita, o qual é constituído de matéria muito sutil. O perispírito acompanha o espírito. E é por meio do perispírito que o espírito se manifesta. E tem ele vários nomes nas diversas culturas: Ochema, eidolon, somod, ferouer, lúcido, etéreo, aura, corpo sidéreo, ka, aromático, corpo astral, corpo bioplasmático (russo) ,“Corpo Espiritual” (de São Paulo) e “Perispírito” (de Kardec). “Se a alma não tivesse corpo, a imagem dela não teria a imagem de corpos” (Tertuliano). O perispírito (corporalidade) foi pesquisado pelos cientistas, que se tornaram espíritas: William Crokes, descobridor dos Raios Catódicos, da energia radiante, e isolador do tálio, “Pesquisas sobre os Fenômenos Espíritas”; Russell Wallace, “O Moderno Espiritualismo”; Aksakof, “Animismo e Espiritismo”; Charles Richet, Prêmio Nobel de Medicina; Gustave Geley etc. Já as ressurreições bíblicas, na verdade, foram de epilépticos. Por isso Jesus dizia sobre as pessoas que ressuscitava, aparentemente mortas, que elas dormiam. Mais tarde, é óbvio, é que elas morreram de fato. E a subida de Elias vivo em um veículo espacial confundiu também muito os teólogos sobre a ressurreição. Eles concluiram que ele foi de alma e corpo para o mundo espiritual. Mas ele ficou ainda na Terra, pois Jeorão, depois, recebeu dele uma carta (2 Crônicas 21, 12).
Se ressurreição (palingenesia) é a ação de retorno nosso à vida, essa ação de retornar só pode ser feita pelo sujeito, o espírito vivo, jamais pelo corpo morto, que é pó. “A carne para nada aproveita!” (Jo 6,63).





Bibliografia: O Redentor - Cap. 43 a 45 - Edgard Armond - Ed. Aliança
A Gênese - Cap. 15 : 54 a 67 - Allan Kardec - FEB
Boa Nova - Cap. 28 a 30 - Humberto de Campos / Chico Xavier - FEB
O Nazareno - Scholem Asch - Ed. Nacional
O Sublime Peregrino - Cap. 31 - Ramatis / Hercílio Maes - Ed. Freitas Bastos
Harpas Eternas – Cap. 9 - Hilarion de Monte Nebo - Ed. Kier ( Buenos Aires )
Há 2000 Anos - Cap. 9 - Emmanuel / Chico Xavier - FEB
Primícias do Reino - Amélia Rodrigues / Divaldo P. Franco


Fazer comentário sobre a emoção e o sentimento envolvido quando estamos próximos a Espiritualidade Maior, ou de uma experiência importante e edificadora. Identificar a emoção do renascimento de Jesus com o exame espiritual.











EAE - Aula: 5


Os Cinco Livros (Pentateuco) resumem de forma épica a história do povo hebreu e, consequentemente, a origem do Cristianismo:
Gênesis: A Gênesis trata da origem da Criação e do próprio mundo terreno. Nele, há uma narrativa simbólica onde todas as fases do aparecimento do Universo e do planeta Terra são descritas com relativa precisão. No estudo da Codificação Espírita, voltaremos a nos ocupar desse assunto, examinando o livro preparado por Allan Kardec, também denominado "A Gênese", que trata o tema em profundidade.
Êxodo: O livro Êxodo conta os principais episódios ligados à libertação do povo hebreu, escravo no antigo Egito durante cerca de quatrocentos anos. Esta liberdade teria sido conseguida através do trabalho missionário de Moisés, narrado em detalhes pela história bíblica.
Levítico: O Levítico é o livro que contém as instruções que eram destinadas à orientação dos cultos entre os seguidores do Legislador hebreu e a Divindade. Orientava as obrigações e rituais religiosos da época.
Números: O livro Números apresenta parte da história da movimentação dos hebreus no deserto em direção à Canaã, a terra prometida. Nele, existe ainda a realização de um censo, feito com a finalidade de se saber quantas pessoas empreenderam a histórica viagem, depois que Moisés as libertou do Egito.
Deuteronômio: O Deuteronômio apresenta um código de leis promulgadas por Moisés, destinadas a reorganizar a vida social do seu povo. É neste livro que se encontra a proibição dos contatos mediúnicos com os "mortos". A lei mosaica proibia essas atividades, porque as evocações fúteis, comuns entre os egípcios, também eram praticadas pelos hebreus de forma fanática e irresponsável. A prática tinha se vulgarizado e se tornado em motivo de graves problemas entre eles. A proibição foi uma medida disciplinar do legislador.
Bibliografia:
Introdução Bíblica – Norman Geisler e William Nix – Editora Vida, 1997

domingo, 26 de agosto de 2012

L.E. - PERGUNTA:2 - O QUE DEVEMOS ENTENDER POR INFINITO ?


2. O que devemos entender por infinito?
– Aquilo que não tem começo nem fim: o desconhecido; todo o desconhecido é infinito.

A GRANDEZA DO INFINITO
O infinito, como que desconhecido para todos nós, é a casa de Deus, cujas divisões escapam aos nossos sentidos, mesmo os mais apurados. O Pai Celestial está, por assim dizer, no centro de todas as coisas que existem e, ainda mais, se encontra onde achamos a permanência do nada.
Se acreditamos somente naquilo que vemos e que tocamos, somos os mais infortunados dos seres, pois, desta forma agem também os animais. A razão nos diz, e a ciência confirma pelas inúmeras experiências dos próprios homens, que o desconhecido tem maior realidade. O que as almas encarnadas não vêem e não podem tocar definem a existência de força energética, senão inteligência exuberante, capaz de nos mostrar a verdadeira grandeza do infinito em todas as direções do macro e do microcosmo.
Se sentimos dificuldade para definir o que é a vida, certamente não sabemos explicar o que é o infinito, que está configurado na ordem dos mistérios de Deus. Compete a nós outros darmos as mãos em todas as faixas da existência e alistarmo-nos na escola do Senhor sem perda de tempo, sem desprezar o espaço a nós oferecido, por misericórdia do Criador.
Estamos situados em baixa escala, no pentagrama evolutivo. Falta-nos a capacidade de discernir certas leis que regem o universo, como as leis menores que nos sustentam todos em plena harmonia, como micro vidas nos céus da Divindade. Devemos estudar constantemente, cada vez mais, no grande livro da natureza, cujas páginas somente encontraremos abertas, pela visão do amor. Nada errado existe na lavoura universal, o erro está em quem o encontra. Basta pensarmos que o perfeito nada faz sem o timbre da sua perfeição, para crermos que tudo se encontra onde deve estar e onde a vontade do Senhor desejar.
Vivemos em um mundo de duras provas, de reajustes em busca da harmonia. O Cristo é a porta dessa felicidade, nos ensinando a conquistar este estado d' alma com as nossas próprias forças, porque Deus sempre faz primeiro a Sua parte em nosso favor, em favor de todos os Seus filhos. Ninguém é órfão da Bondade Suprema.
O infinito é infinito para nós; para Deus é o Seu Lar, onde vibra o amor e onde o perfume exalante é a alegria na sua pureza singular. É de ordem comum nos planos superiores, que devemos começar pelas lições mais elementares, que nos despertam o coração, primeiramente, para a luz do entendimento.
Querer buscar entender o profundamente desconhecido, sem se iniciar nos rudimentos da educação espiritual, é perder tempo e andar nas perigosas e escuras estradas da ignorância. Se queremos conhecer alguma coisa, no que se refere ao infinito, principiemos na auto-educação dos costumes, observando quem já fez este trabalho, e copiemos suas lutas, que os céus da nossa mente abrir-se-ão e as claridades da sabedoria universal nos banharão com o esplendor da conscientização da Verdade.
Quem deixa para depois o conhecimento de si mesmo e tenta a sabedoria exterior, desconhece a verdadeira porta da felicidade. Cada Espírito é um mundo, um universo em miniatura, onde mora Deus e vibram todas as Suas leis, em ação compatível com o tamanho da individualidade. Assim, para entender o infinito da Criação, necessário se faz começar a entender o infinito da alma. (MIRAMEZ)

L.E. - PERGUNTA 1 - O QUE E DEUS ?


1. O que é Deus?
– Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.

A SUPREMA INTELIGÊNCIA
O primeiro interesse de Allan Kardec foi saber dos Espíritos quem era Deus e eles responderam dentro da maior simplicidade, mas com absoluta segurança: Deus é a Inteligência Suprema, causa primária de todas as coisas.
Não poderemos nos sentir seguros onde quer que estejamos, sem pelo menos alimentar a idéia de uma fonte criadora e imortal. O estudo sobre o Senhor nos dá um ambiente de fé que corresponde, na sua feição mais pura, à vontade de viver. Sentimos alegria ao entrarmos em contato com a natureza, pois ela fala de uma inteligência acima de todas as inteligências humanas, de um amor diferente daquele que sentimos, de uma paz operante nos seus mínimos registros de vida. O Deus que procuramos fora de nós está igualmente no centro da nossa existência, porque Ele está em tudo, nada vive sem a Sua benfeitora presença.
O Criador estabeleceu leis na Sua casa maior, que cuidam da harmonia na mansão divina, sem jamais esquecer do grande e do pequeno, do meio e dos extremos, para que seja dado, a cada um, segundo as suas necessidades. Não existe injustiça em campo algum de vida, pois cada Espírito ou coisa se move no ambiente que a sua evolução comporta; daí resulta o porquê de devermos dar graças por tudo o que nos é colocado no caminho.
É justo, entretanto, que nos lembremos do esforço individual, e mesmo coletivo, de sempre melhorar, como sendo a nossa parte, para alcançarmos o melhor. Aquele que acha que tem fé em Deus, mas que vive envolvido em lugares de dúvida, com companheiros que não correspondem às suas aspirações de esperança, ainda carece da verdadeira fé, iluminada pela temperatura do amor. É a confiança que requer reparo. Assim sucede com todas as virtudes conhecidas e, por vezes, vividas por nós.
Estudemos a harmonia do Universo, meditemos sobre ela, pedindo ao Mestre que nos ajude a compreender esse equilíbrio divino, porque se entrarmos em plena ressonância com a Criação sanar-se-ão todos os problemas, serão desfeitas todas as dificuldades e todos os infortúnios cessarão. Somente depois disso, pelas vias da sensibilidade e pelo porte espiritual que escolhemos para viver, é que teremos a resposta mais exata sobre o que é Deus.
Conhecer e Amar são duas metas que não poderemos esquecer em todos os nossos caminhos. Esses dois estados d'alma abrir-nos-ão as portas da felicidade, pelas quais poderemos viver em pleno céu, mesmo estando andando e morando na Terra. A Suprema Inteligência está andando conosco e falando constantemente aos nossos ouvidos, em todas as dimensões do entendimento, porém, nós ainda estamos surdos aos Seus apelos e passamos a sofrer as conseqüências da nossa ignorância. Todavia, o intercâmbio entre os dois mundos acelera uma dinâmica sobremodo elevada a respeito das coisas divinas, para melhor compreensão daqueles que dormem, e o Cristo, como guia visível através das mensagens, toca os clarins da eternidade anunciando novo dia de libertação das criaturas, mostrando onde está Deus e que é Deus, que nos espera, filhos do seu Coração, de braços abertos, como Pai de Amor.  (MIRAMEZ)

domingo, 12 de agosto de 2012


A origem da Caderneta Pessoal


“Como estas águas de Deus lavam teu corpo, seja igualmente purificada a tua alma pelo arrependimento, porque Nosso Senhor não tarda”.

Eram essas as palavras pronunciadas durante a cerimônia em que, nos albores da humanidade espiritualista, neófitos eram consagrados, passando a integrar o discipulato da Fraternidade Essênia, estando implícito o compromisso de uma vida purificada.

Para ser o neófito elevado a discípulo, era necessário que fosse submetido a sete dias de recolhimento, nos quais passava em revista a sua vida pregressa, registrada em documentos diversos, oportunidade em que media suas forças para a nova etapa a empreender, o mesmo se dando por ocasião de promoção para os outros graus (que eram três) existentes entre os Essênios.

Foi inspirado nessa prática, utilizada pelos descendentes de Essen, que a Caderneta Pessoal foi implantada em 1950 na EAE com aprovação global do Plano Superior.

Vivência do Espiritismo Religioso, Editora Aliança



 

Instruções para o Uso da Caderneta Pessoal

Impresso a ser colado nas Cadernetas:

INSTRUÇÕES PARA O USO DESTA CADERNETA

Esta caderneta é uma arma eficiente na luta pela Reforma Íntima, que é o objetivo essencial da Escola de Aprendizes do Evangelho.

Não a confunda com confessionário. Ela não tem o dom de perdoar pecados.

Quando sentimos que estamos cultivando determinados vícios ou defeitos, devemos relacioná-los na caderneta. Assim, auxiliados por estas mesmas anotações, faremos um balanço periódico de nossa conduta e pensamentos, para verificar se já conseguimos vencer alguns desses defeitos. Grave bem: o esforço de vencê-los é todo nosso; a caderneta é apoio eficiente de que nos valemos.

A caderneta deve receber somente aquilo que diz respeito à nossa reforma moral. É um erro utilizá-la como diário sentimental, transformando suas páginas em muro de lamentações. Ora, lamentações denotam a existência de, pelo menos, um defeito íntimo: o egoísmo. Assim, a auto-análise nos indica que é o egoísmo que devemos combater para terminarmos com o vício da lamentação.

A caderneta não é, também, para receber somente anotações do tipo: “eu sou inferior e não consigo melhorar” ou “nada tenho a dizer, tudo vai bem”. Ora, basta reconhecer nossa inferioridade uma única vez; reconhecida esta condição, partamos para objetivos superiores. E, se nada temos a dizer, é porque não estamos levando a sério o nosso procedimento, pois um simples gesto – como a forma de cumprimentarmos um irmão – traz sempre consigo uma carga vibratória que fala daquilo que temos no coração.

O ideal é fazermos anotações periódicas na caderneta; cada anotação numa folha com a data respectiva, para que possamos acompanhar, cronologicamente, a nossa caminhada.

Enfim, a caderneta deve ser a testemunha silenciosa dos esforços feitos em prol da Reforma Íntima; elemento de comparação nas mudanças ue se operarão, troféu de uma batalha que o aprendiz venceu contra si próprio e contra as ilusórias atrações do mundo. Um instrumento para registro de atividades espirituais, sempre à mão; uma bússola qua aponta e relembra compromissos de caminhos retos e de conduta perfeita. Vivência do Espiritismo Religioso, Editora Aliança

Considerações sobre a Caderneta Pessoal

Desde o início das aulas os alunos recebem uma Caderneta Pessoal (com dimensões aproximadas de 15cm x 11cm) de múltiplas utilidades, quais sejam: escrituração das notas escolares exaradas pelos Dirigentes; anotações feitas pelo próprio aprendiz sobre tudo quanto ocorra no seu íntimo e que seja útil ao aprendizado, à vivência espiritual e que reverta em benefício próprio como, por exemplo, transformações morais e psíquicas, eliminação de hábitos e vícios ruinosos, aquisição de virtudes, melhoramentos de conduta, surgimento de faculdades mediúnicas, trabalhos realizados, etc.

A Caderneta reúne dados de apreciação pessoal, de resultados dos esforços de reforma e concorre, ela mesma, à apuração deles e pode conter ou não, indiferentemente, os nomes de seus portadores. Muitos preferem a representação dos nomes por números, para satisfação de escrúpulos pessoais, ou de amor próprio convindo, porém, considerar que o que deve interessar a todos é libertarem-se das imperfeições, para que as almas surjam à luz do dia em claridades enobrecedoras e não dissimularem o que quer que seja, porque isto é, também, esforço e testemunhação.

O que se registra nas Cadernetas é examinado, ao fim de cada ano letivo (atualmente os dirigentes devem ler as Cadernetas Pessoais e rubricá-las ao menos a cada 90 dias), pelos dirigentes das turmas ou pelos chefes dos respectivos Núcleos de Contato, que neles exaram uma apreciação sucinta e em caráter reservado sobre o resultado do aprendizado e as condições do aproveitamento individual, fornecendo as indicações e os conselhos que forem necessários. A apreciação é dada em caráter impessoal, sem preocupações sobre a identidade, para que possa ser feita com isenção e imparcialidade.

Vivência do Espiritismo Religioso, Editora Aliança



Para que serve a Caderneta Pessoal?

Se no Caderno de Temas o Aprendiz é conduzido a uma formidável análise introspectiva, colocando-se diante de uma “reação de espelho”, desnudando-se espiritualmente diante de si mesmo, é na Caderneta Pessoal que ele registra suas descobertas no complexo terreno interior. Alinha, enumera e analisa em pormenores os resultados das suas reflexões para, em seguida, armar-se contra as ameaçadoras feras que habitam o nosso mundo íntimo. Perguntamos aos amigos leitores: não é um processo semelhante que nós utilizamos quando nos vemos às voltas com os problemas corriqueiros que a vida nos oferece? Primeiro dividimo-los e em seguida vencemos as parcelas que, quando reunidas, se mostravam ameaçadoras?

Sim, irmãos, é na Caderneta Pessoal que registramos as descobertas propiciadas pela análise introspectiva, anotamos os progressos alcançados no combate aos vícios e na contenção dos defeitos.

Jacques André Conchon – O Trevo (Maio/1975)



Uma técnica através de anotações

“Não julgueis o caminho de outro homem antes que tenha caminhado uma milha com seus mocassins”. (Dizer dos Índios Pueblos)

A busca do autoconhecimento passa sempre pela análise que fazemos dos nossos sentimentos. Para isso poderemos dispor de alguém que nos auxilie nessa análise que, em casos específicos, poderá ser de atovalia, ou enfrentaremos “essa jornada” sozinhos, quando seremos nossos próprios “analistas”.

Uma técnica, que tem sido de grande utilidade, é a realizada através de anotações, quando utilizando-se de uma metodologia bem definida, passamos a fazer anotações em uma caderneta, de fatos, sentimentos, atitudes e decisões que envolvem nosso dia-a-dia e que podem estar ligados ao nosso desenvolvimento evolutivo. Essa técnica de anotações, que aqui apresentamos, não é nenhuma novidade para quem conheceu as primeiras Escolas de Aprendizes do Evangelho da Federação Espírita do Estado de São Paulo, as da Aliança Espírita Evangélica (desde 1973), as da Fraternidade dos Discípulos de Jesus – Setor Três, e as da União Fraternal.

O que procuraremos aqui apresentar é uma metodologia objetiva, que poderá ser utilizada tanto por aqueles que desconhecem tal técnica, quanto por aqueles que as conhecem e desejam conseguir melhores resultados em sua utilização.

Material a ser utilizado

Uma caderneta, preferencialmente de pequenas dimensões (por exemplo, de 10cm por 15 cm), com cerca de 100 páginas e pautada. É importante que seja pequena para que possamos transportá-la facilmente, de forma que a tenhamos disponível quando for necessário.

Frequência de uso

Não existe uma regra que indique o espaço de tempo ideal entre as anotações, entretanto, um período de análise adequado é o ciclo de uma semana, pela rotina de vida que ela representa em nossa vida. Anotações mensais também poderão ser adequadas, quando já tivermos vencido os grandes obstáculos de nossa reforma íntima, quando já não sofrermos tantas frustrações e quando deixarmos de viver constantemente com problemas de saúde. Em muitos casos, poderá ocorrer a necessidade de anotações diárias, mas devem ser estas em casos excepcionais, quando houver uma inter-relação entre elas, ou seja, adotaremos como proposta a anotação semanal, afinal isso só poderá nos favorecer em sermos objetivos em nosso trabalho de auto-reformulação.

É importante que seja colocada a data (dia, mês e ano) no início de cada anotação para que possamos acompanhar a sequência dos fatos e das propostas que fizermos. A cada dois ou três meses, é importante fazermos uma análise das avaliações realizadas no período, e fazermos um breve comentário sobre os êxitos por nós alcançados e sobre pontos críticos que deveremos atuar com mais empenho em nossa reforma. Essa anotação será como um fechamento do período.

Característica das anotações

Devem ser anotações sucintas, mas contendo toda uma estrutura que permita, com facilidade, realizarmos a nossa auto-análise, que é o nosso objetivo. Dessa forma as anotações deverão conter, além da data inicial, os seguintes tópicos:

  • Fato ocorrido comigo, onde a minha ação causou-me frustração ou surpresa, pela minha mudança de atitude.

  • Sentimento Defensivo meu causador da atitude, identificável pela ação ou pela somatização ocorrida.

  • Atitude adequada a ser tomada por mim em situações semelhantes futuras.

  • Ação corretiva, regeneradora ou minimizadora dos atos nocivos, por mim provocados, que envolvam meu semelhante, quando for necessário. Em alguns casos, durante o fato ocorrido chega-se a realizar a ação corretiva, assim sendo, deve-se relatá-la na anotação. É importante entender-se que a ação corretiva, regeneradora ou amenizadora não poderá ser a causadora de uma nova frustração o que significaria que o problema de reformulação inicial não foi resolvido. Por exemplo: “… e após a briga pedi desculpas a ele, para amenizar a situação, mas permaneci com raiva”.

A primeira anotação que pretendemos fazer é sempre a mais difícil, pelo desejo de estar perfeitamente preparado para ela. Mas só perceberemos posteriormente, que é através de várias anotações que estaremos aprendendo a pôr em prática, com mais habilidade, essa técnica de auto-análise. Dessa

M E N S A G E M

A ambição universal dos homens é viver colhendo o que nunca plantaram”. Esta frase é atribuída ao economista e filósofo escocês Adam Smith. Ela sintetiza o que vai dentro de todos nós, poupando um tempo valioso, para quem a assimila e aceita, na autoconstatação de uma realidade provinda do âmago de nossos desejos mais básicos.

O esforço, portanto, é necessário, mas poucas vezes desejado (salvo por aqueles que já se conscientizaram de sua imprescindibilidade) e isso fica bem evidenciado em qualquer mensagem espiritual séria, que sempre realça a necessidade de perseverança.

Como a Caderneta Pessoal não é fim ou objetivo, mas, sim, o meio pelo qual a pessoa se condiciona a perseverar no “conhece-te a ti mesmo”, implica em esforço não só nas anotações periódicas, mas também e principalmente no esforço de desnudar-se com a frequência necessária diante do tribunal da própria consciência. Graças a isso, a utilização não apenas mecânica e forçada, mas sim espontânea e mais focada na vivência das propostas de mudança ali registradas, leva o aprendiz a uma plena sintonia com uma das qualidades de “O Homem de Bem” (O Evangelho Segundo o Espiritismo – cap. XVII) que, dentre outros ensinamentos, nos alerta que: “O verdadeiro homem de bem é aquele que estuda as suas próprias imperfeições, e trabalha sem cessar em combatê-las. Todos os seus esforços tendem a permitir-lhe dizer, amanhã, que traz em si alguma coisa de melhor do que na véspera”.

Oh, mas como é difícil estudar imperfeições e trabalhar sem cessar em combatê-las! Estudar imperfeições é reconhecer equívocos na forma de conduzir nossa vida; e combatê-las sem cessar é praticamente nadar contra a correnteza dos impulsos a que estamos acostumados.

Um exemplo de esforço não só de, digamos, anotação (no caso, em uma carta), mas também de reforma íntima, são as sinceras palavras de Paulo, na Epístola aos Romanos, 7:14-20. Ali, quando diz que a lei que está em seus membros luta contra a lei da sua razão, Paulo deixa bem claro o esforço que o ser humano terá que empreender para que a razão, embasada nos exemplos de Jesus Cristo, vença os instintos egoístas, ou seja, os defeitos que ainda estejam enraizados dentro de si.

Ao contrário do que possa parecer, somos, no presente momento, seres privilegiados já que dispomos de um professor chamado Jesus, seguido por um racional e destemido auxiliar chamado Espiritismo, além é claro desta valiosíssima e um pouco mais lúcida encarnação a nos proporcionar um recomeço mais firme no esforço da reforma íntima. Assim, não deixemos para outra encarnação o que podemos e devemos fazer agora. Neste sentido, para encerrar, vale a pena lembrarmo-nos da conversa contida no livro Reencarnação no Mundo Espiritual, cap. 10, pag. 107, psicografado pelo médium Carlos A. Baccelli, ocorrida entre os espíritos Dr. Inácio Ferreira, autor espiritual do livro e um dos responsáveis pelo Hospital Esperança existente na erraticidade, e Rosendo, este paciente do hospital e mais um dos diversos espíritas desencarnados e desiludidos consigo mesmos ao se depararem com a realidade de falta de luz interior, embora muitos com extensa ficha de trabalhos meritórios dentro da doutrina:

“- Bendita seja a Reencarnação! – exclamou. – Mas devo, antes, me preparar um pouco mais… Se optasse por imediato regresso ao corpo, correria o risco de reincidir, o senhor não acha?

- Acho! [...] Você está certo: fortaleça-se primeiro! Trabalhe, estude e, sobretudo, medite, quanto puder, nos insucessos e frustrações em sua derradeira romagem no corpo. Efetue, você mesmo, um balanço do que fez e do que deixou de fazer. Há uma técnica que, talvez, possa lhe ser útil – ela tem sido utilizada por muitos de nós: escreva, nas páginas de um caderno, uma espécie de diário de auto-análise, procurando transferir para o papel, com toda a honestidade, os seus pensamentos a respeito de si… Chega, não é? De avaliar a vida alheia. Já fizemos doutorado em julgar os outros!”

Assim, esforcemo-nos para fazer a caderneta desde já e com honestidade, como diz o Dr. Inácio, para que, quando do outro lado, não nos surpreendamos por estarmos muito atrasados na tarefa essencial das nossas vidas: a nossa evolução espiritual.

Marcelo Ricardo Lemes Rebocho – Regional SP-Norte
O Trevo/Jan-2011 – Aliança Espírita Evangélica

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Biografia de Scheilla

Scheilla Peixotinho, em Macaé-RJ, iniciou um trabalho de orações para as vítimas da Segunda Grande Guerra. Foi então que, de repente, chegou lá e se materializou um espírito chamado Rodolfo*, que contou que era de uma família legitimamente espírita, morando na Alemanha. Ele teve que servir na guerra como oficial-médico e o pai dele, Dr. Fritz, muito reservado, educado, severo, muito autêntico, que passou muitas idéias humanitárias aos filhos, havia lhe dito: -Matar nunca. Ao que Rodolfo respondeu: -Pai, não é isso, vou servir como médico. Pois bem, em certa
ocasião, o Dr. Rodolfo foi chamado como oficial para integrar um pelotão de fuzilamento. Ele, então, disse: -A minha missão é salvar, não matar. E, de acordo com o regulamento militar, ele passou a ser considerado criminoso, porque deixou de servir à pátria, pois a pátria pedia a ele que matasse alguém e ele se negou.

Então, disseram-lhe: -Já que você não vai executar esse homem, você vai ficar junto dele para morrer como um traidor. E ele foi fuzilado na mesma hora. A essa altura, manifestou-se (espiritualmente) ao pai e disse: -Pai, já estou na outra dimensão da vida. Cumpri a palavra empenhada: não matei, preferi morrer. Para que não continuasse no ambiente de guerra, foi amparado espiritualmente aqui, no Grupo Espírita Pedro (Macaé-RJ). Peixotinho, por ter sido militar, em razão justa, como espírita, tinha esse trabalho de preces em benefício das vítimas de guerra e pela paz. E esses fatos se deram no auge da Segunda Guerra Mundial, quase no
final. Certo dia, Rodolfo (espírito) disse, assim, no Grupo de Oração do Peixotinho:

-Orem por minha irmã, ela está correndo perigo. E como a voz do alemão, através da voz direta por ectoplasmia, não era bem nítida, um sotaque carregado, a pronúncia do nome da sua irmã não saía boa, ao invés de Scheilla, saía Ceila.

Passado alguns dias ele disse: -Minha irmã acabou de desencarnar. Foi vítima de bombardeio da aviação. Ela e meu pai desencarnaram. Dias depois, para agradável surpresa da equipe, materializou-se uma jovem loura e disse: -Eu sou Scheilla. Foi muita alegria! Os irmãos ficaram cheios de júbilos espirituais.
* Rodolfo, nas primeiras vezes em que psicografou mensagens, assinava "O Fuzilado".

Tem-se notícias apenas de duas encarnações de Scheilla: uma na França, no século XVI, e a outra na Alemanha, onde desencarnou em 1943 (como Scheilla). Na existência francesa, chamou-se Joana Francisca Frémiot, nascida em Dijon, a 28/01/1572 e desencarnada em Moulins, a 13/12/1641. Ao entrar na história, ficou mais conhecida como Santa Joana de Chantal (canonizada em 1767) ou Baronesa de Chantal. Casou-se aos 20 anos com o barão de Chantal.

Tendo muito cedo perdido seu marido, abandonou o mundo com seus 4 filhos, partilhando o seu
tempo entre as orações, as obras piedosas e os seus deveres de mãe. Em 1604, tendo vindo pregar em Dijon, o bispo de Genebra, S. Francisco de Salles, submeteu-se à sua direção espiritual. Fundaram em Annecy a congregação da Visitação de Maria (1610), que contava, à data de sua morte, com 87 conventos e, no primeiro século, com 6.500 religiosos. A baronesa de Chantal dirigiu, como superiora, de 1612 a 1619 a casa que havia fundado em Paris, no bairro de Santo Antônio. Em Paris, instalaram-se em pequena casa alugada em bairro pobre.

Passaram por grandes necessidades, mas a Ordem da Visitação (de Paris) foi aumentando e superou as dificuldades. Em 1619, São Vicente de Paulo ficou como superior do Convento da Ordem da Visitação. Santa Joana de Chantal deixou o cargo de superiora da Ordem da Visitação e voltou a Annecy, onde ficava a casamãe da ordem. A Santa várias vezes tornou a ver São Vicente de Paulo, seu confessor e diretor espiritual.

TRABALHO ESPIRITUAL NO BRASIL

Tudo indica que Scheilla vinculou-se, algum tempo após a sua desencarnação em terras alemãs, às falanges espirituais que atuam em nome do Cristo, no Brasil.
Atualmente nossa querida Mentora trabalha na Espiritualidade juntamente com Cairbar Schutel, Coordenador Geral da Colônia Espiritual Alvorada Nova. Scheilla ,"desenvolve um trabalho forte e muito amplo com dedicação ímpar, coordenando quatorze equipes cujos coordenadores formam com ela o Conselho da Casa de Repouso, o qual se reúne periodicamente, decidindo às questões pertinentes à Casa.
Conta-nos R. A. Ranieri que, numa das primeiras reuniões de materialização, realizada pelo médium "Peixotinho", iniciadas em 1948, já surgiu a figura caridosa de Scheilla. "(...) em Belo Horizonte, marcou-se uma pequena reunião que seria realizada com a finalidade de se submeter a tratamento dona Ló de Barros Soares, esposa de Jair Soares. (...) No silêncio e na escuridão surgiu a figura luminosa de mulher, vestida de tecidos de luz e ostentando duas belas tranças. Era Scheilla, entidade que na última encarnação animou a de uma moça alemã. Nas mãos trazia
um aparelho semelhante a uma pedra verde-clara e ao qual se referiu dizendo que era um aparelho ainda desconhecido na Terra, emissor de radioatividade. (...) Fez aplicações com o aparelho em dona Ló. (...) A simplicidade e a beleza do espírito nos falava das regiões benditas da perfeição. (...) Depois de alguns minutos, levantou-se da cadeira e fez uma belíssima pregação evangélica com sotaque alemão e voz de mulher."
Em vários grupos espíritas brasileiros, além de sua atuação na assistência à saúde humana, ela sempre se caracterizou em trazer às reuniões certos objetos (fenômeno de transporte) e distribuir no recinto éter ou perfume. É por isso que fica no ambiente um encantador perfume de flores.
Conta-nos Chico Xavier, que em um depoimento de Joaquim Alves (Jô), com a presença de Scheilla: "Chico aplicava passes. Ao nosso lado, ocorreu um ruído, qual se algum objeto de pequeno porte tivesse sido arremessado, sem muita violências.
(-Jô - disse um médium - Scheilla deu-lhe um presente). Logo mais, procuramos ao nosso derredor e vimos um caramujo grande e adoravelmente belo, estriado em deliciosas cores. Apanhamo-lo, incontinenti, e verificamos nele água marítima, salgada e gelada, com restos de uma areia fresca. Scheilla o transportara para nós.
Estávamos a centenas de quilômetros de uma nesga de mar, em manhã de sol abrasador que crestava a vegetação e, em nossas mãos, o caramujo que o Espírito nos ofertara."
"Scheilla estava triste. Viera da Alemanha, onde visitara sua família. Notara-lhes os grandes problemas, e entregues ao materialismo. Recompôs-se, falando sobre o Natal. Estava presente um cientista suíço, materialista, que ali viera ter por insistência de seus familiares, e Scheilla, em sotaque alemão, anunciou: -Para nosso irmão que está ali - indicava o suíço -, vou dar o perfume que a sua mãezinha usava, quando na Terra. Despertou-lhe um soluço comovido, pela
lembrança que se lhe aflorou à memória, recordando a figura da mãezinha ausente."
"(...) vivemos, algum tempo depois, outro raro instante.
Bissoli, Gonçalves, Isaura, entre outros, compunham a equipe de beneficiados, agrupando-se numa das salas da casa de André, tendo Chico se retirado para o dormitório do casal. Uma onda de perfume. Corporifica-se Scheilla, loira e jovial, falando com seu forte sotaque alemão. Bissoli estabeleceu o diálogo. -Eu me sinto mal-diz Bissoli. -Você - informou Scheilla - come muita manteiga. Vou tirar uma radiografia de seu estômago. A pedido, nosso companheiro levantou a camisa. O espírito corporificado aproxima-se e entrecorre, num sentido horizontal, os seus
dedos semi-abertos sobre a região do estômago de nosso amigo. E tal se lhe incrustasse uma tela de vidro no abdômen, podíamos ver as vísceras em funcionamento. - Pronto! - diz Scheilla, apagando o fenômeno. - Agora levarei a radiografia ao Plano Espiritual para que a estudem e lhe dêem um remédio."
Ao término destes singelos apontamentos biográficos, com muito respeito por esse Espírito Missionário, de tanta dedicação e amor em nome de Jesus, só nos resta agradecer a assistência e amor doados por ela.
"ABENÇOA SEMPRE... Abençoa a Terra, por onde passes, e a Terra abençoará a tua passagem para sempre."
Scheilla